Com hinos e sorrisos, Capela do Cristo Operário reabre à comunidade

Com hinos e sorrisos, Capela do Cristo Operário reabre à comunidade

Com muitos hinos cantados e sorrisos, reabriu ao público na manhã deste domingo (8) a Capela do Cristo Operário, no número 7.290 da rua Vergueiro.

É uma pequenina joia do Ipiranga, que reúne uma pinacoteca, com obras de grandes nomes da arte moderna: painéis murais e vitrais criados por Alfredo Volpi (1896-1988), esculturas de Moussia Pinto Alves (1910-1986), vitral e móveis de Geraldo de Barros (1923-1998), entre outras obras, de Yolanda Mohalyi (1909-1978) e Elizabeth Nobiling (1902-1975), jardim projetado por Roberto Burle-Marx.

A reinauguração, após cinco meses de reforma e restauração do conjunto que forma a capela, que inclui mais seis edifícios, foi marcada por missa celebrada pelo frei André, chefe da ordem dos dominicanos, os proprietários do local.

Da celebração também participaram frei Bruno e frei Marcos, que é o pároco da Capela do Cristo Operário.

Comunidade reunida para a reabertura

A comunidade que dá vida ao local compareceu, lotando todos os bancos de madeira, totalizando cerca de 100 pessoas. É gente que mora ou já morou próxima ou que já trabalhou ou trabalha na obra pastoral ligada a essa igreja.

A Capela do Cristo Operário tem um passado fabuloso: no seu conjunto se instalou, a partir dos anos de 1950, a Unilabor, uma fábrica gerenciada coletivamente pelos trabalhadores, sob o incentivo e a supervisão do frei dominicano João Batista e do artista Geraldo de Barros.

Produziram móveis inovadores, que fizeram fama à época, atraindo parte da classe média engajada socialmente.

É essa história de luta e consciência social que se encena outra vez ali, emoldurada pelos painéis do Volpi, com o Cristo Operário de braços abertos para abraçar todos.

Um dos vitrais criados por Alfredo Volpi, ao fundo

Também presente à cerimônia estava o pessoal da Tapera Arquitetura @tapera_arquitetura, que comandou a obra de restauro. A arquiteta responsável, Mariana Falqueiro, falou aos fiéis ao final da missa:

“Tudo isso só faz sentido com vocês aqui. O grande patrimônio da capela é o que está acontecendo aqui hoje”, emocionou-se.

No café oferecido ao final, a arquiteta residente, Gabriela Barros, também comemorava: “Essa obra é diferente de outras, que normalmente são feitas para um particular. Aqui, não, aqui tem uma comunidade, pertence a todo mundo, independentemente da origem social”.

Em sua pregação, o frei dominicano Bruno também incluiu a importância da comunidade para o futuro do local: “Nada de pôr o pé na parede, de rabiscar. A responsabilidade de cuidar desse espaço é também de vocês”.

A celebração, liderada por frei Bruno

A fiel e vizinha Daniela Lulo estava animada com a reabertura. Para ela, o local é especialíssimo: os pais se casaram nessa capela e participaram ativamente da comunidade, e ela, Daniela, frequenta o local há mais de 40 anos, desde que nasceu. Ela foi batizada ali pelas mãos do frei João Batista. Que batismo!

Isabel Peres e Zetildes Lima também são de longa data da comunidade local, desde os anos de 1970. Elas fizeram parte dos movimentos sociais incentivados, de formação de líderes e constituição de memória desses movimentos.

Houve ali até um centro importante: o CPV (Centro Pastoral Vergueiro), entre 1973 e 1989. A Igreja também ia aonde o povo estava.

Quanto à visitação, o frei Marcos explicou que estão avaliando a abertura da capela em outros horários e dias. Mas, por ora, abre todo domingo, para a missa das 8h30, ou com agendamento pelo telefone (11) 5058 8386.

Bora visitar?